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Do financiamento ao entretenimento: bancos investem no público gamer jovem

Cenários repletos de LEDs, headsets, computadores de última geração e controles. O que poderia parecer cenário de um streamer famoso é facilmente confundível com as propagandas de serviços oferecidos por muitos bancos, que veem nos gamers uma oportunidade de se conectar com o público jovem.

Após patrocinarem times de e-Sports, streamers e celebridades do mundo dos games, muitas instituições perceberam que poderiam conversar diretamente com o consumidor e passar a fazer parte de sua rotina. Não à toa, grandes nomes como Santander, Nubank e Banco do Brasil investem em produtos direcionados a esse segmento jovem e ligado nas últimas tendências.

O motivo para isso é claro: não somente o Brasil possui uma grande população de jogadores disposta a gastar em produtos altamente tecnológicos e caros, como ela está em crescimento. Segundo o eMarketer, o mercado local se expandiu em 4% em 2023, ultrapassando mercados tradicionais como os Estados Unidos e o Japão, que registraram 1,2% e 0,5% de crescimento, respectivamente.

“A forte penetração e crescimento do país tornou-o um mercado importante para empresas globais de jogos que procuram fazer incursões na América do Sul e na América Latina.” (Daniel Konstantinovic, analista da eMarketer)

Daniel complementa afirmando que, dos 284.7 milhões de jogadores totais existentes na América Latina, cerca de 104 milhões (37%) são brasileiros.


Bancos oferecem consórcios e outras soluções para gamers

Inaugurado em 2020 pelo Banco do Brasil, o consórcio gamer começou como uma oferta inusitada, mas que faz sentido dentro do mercado local. Em um momento no qual uma plataforma de nova geração tem custos que começam em aproximadamente R$ 4 mil, a solução surgiu como uma forma de adiantar a aquisição do bem sem fazer grandes endividamentos.

Divulgação: Banco do Brasil

Em seu site, a instituição possui opções para adquirir itens de consumo como consoles, kits para a produção de conteúdos, computadores, kits de corrida e outros equipamentos para “tornar seus jogos mais divertidos e confortáveis”. Oferecendo até 48 meses para pagar com parcelas que começam em menos de R$ 100, a opção garante uma maior proximidade entre consumidores e seus sonhos de consumo.

Um consórcio não deve ser encarado como um investimento, tampouco como uma poupança. Ele surge como uma opção para quem “não tem pressa” de adquirir algo, compensando isso ao exigir pagamentos mais razoáveis e que se encaixam em orçamentos que abrangem quem está além dos contornos das classes média e alta, consumidores tradicionais de games no país. Enquanto o Banco do Brasil foi pioneiro, nomes como Magalu, Santander, Piffer Consórcios e Smartia Seguros também oferecem opções com condições de pagamento flexíveis e valores que vão de R$ 194 a R$ 600 mensais.


Integração com lojas e produtos personalizados

Além de oferecer meios de o público acessar seus jogos favoritos, instituições bancárias também apostam em marcar presença em várias fases da experiência. Muitas possuem em seus aplicativos verdadeiras “áreas gamers”, na qual oferecem o acesso fácil a créditos para compra de jogos digitais em plataformas como Steam, PlayStation, Nintendo e Xbox, entre outras.

Divulgação: Banco do Brasil

Em muitos casos, parcerias com lojas também rendem o conhecido Cashback, no qual o valor investido em um produto retorna ao comprador. Empresas como a própria Epic Games viram nisso uma forma de fidelizar o consumidor, garantindo que ele se sinta recompensado por gastar em uma loja específica — e vai retornar para fazer novas compras futuras.

Também há a oferta de contas com crédito limitado e anuidades gratuitas, que já eram oferecidas ao público jovem, mas que foram reembaladas para conversar com o segmento gamer. Em alguns casos, instituições bancárias chegam a fazer parcerias com desenvolvedores para oferecer produtos personalizados ao público.

Esse foi o caso da Credicard que, em 2020, lançou junto à Ubisoft uma linha de cartões de crédito temáticos de Assassin’s Creed Valhalla e Just Dance. Além da arte exclusiva, a empresa ofereceria aos consumidores 10% de desconto na loja Ubisoft Store, que podia ser acessada através da área de benefícios de seu aplicativo.


Consumidores gamers gostam de marcas que mostram presença

Segundo a Pesquisa Game Brasil (PBG) 2024, a aposta não é mais em um segmento visto como pequeno e qualificado, mas sim no público total. Ela revela que 73,9% dos brasileiros jogam alguma espécie de game digital, com 48,8% dando preferência para experiências que estão disponíveis em seus smartphones — que também abrigam seus aplicativos bancários.

Ela também demonstra que o público local costuma ter uma boa recepção a empresas que apostam em games como parte de sua atuação. 72,4% apreciam marcas que fazem publicidade em jogos e vídeos, 74,3% gostam de lives patrocinadas, 72,7% aprovam marcas que ligam suas identidades a games nas mídias sociais e 70% gostam de empresas que apoiam times, eventos e torneios.

Divulgação: PBG 2024

No entanto, não basta estampar seu nome em um evento e esperar que haja uma identificação imediata por parte do público. Veterano em sua presença em eventos como a Brasil Game Show (BGS), o Banco do Brasil aprendeu essa lição na prática e, em anos recentes, vem intensificando e variando suas atividades — e as expandindo para concorrentes como a Comic Con Experience (CCXP), maior convenção brasileira de cultura pop que reuniu 287 mil pessoas em sua edição mais recente.

Na edição 2023 do evento, o BB foi além de simplesmente alugar um espaço no qual demonstrou seus produtos. Trazendo streamers famosos e membros de seus times de e-Sports para a feira, a instituição também ofereceu atividades como maquiagens de cosplay, pinball gigante e distribuiu brindes como aparências customizadas de personagens que podiam ser destravadas dentro de games populares.

A integração com o público também aconteceu através do projeto ‘Cria meu Cria’, que utiliza a estrutura do W7M e-Sports (time patrocinado pelo banco) para encontrar e destacar novos criadores de conteúdo. Com isso, a instituição mostra que está conectada com os anseios de uma nova geração que vê nos games não somente um meio de entretenimento, mas também como uma forma de construir carreiras e fazer novas conexões.

Segundo Carlos Silva, sócio da Go Gamer, há diversos exemplos de campanhas bem sucedidas de marcas que entendem e apoiam o público gamer. “Ou seja: entender, fazer eventos e investir nos jogos eletrônicos traz resultados”, explica.


Aproximação com consumidores é essencial

Marcas com o BB também perceberam a importância de investir diretamente em criadores de conteúdos que façam a ponte entre seus produtos e a audiência. Através da iniciativa Steam Battle BB, a empresa realizou concursos nos quais contou com a ajuda do público para escolher membros de seu Squad BBstreamers que jogam games diversos, mas carregam sua marca em tudo o que fazem.

“Queremos e buscamos um público jovem, que se identifica com o estilo de vida, ou que pratica esportes e games. Entendemos que é essencial criar condições para que o esporte e os eSports se desenvolvam. Entendemos que é essencial criar condições para que o esporte e os e-Sports se desenvolvam. Criar experiências e conteúdos verdadeiros para que novos ídolos surjam e a nossa torcida amarela continue vibrando. Por isso, queremos estar junto desse game com atletas e criadores de conteúdo, de forma genuína e autêntica” (Tadeu Figueiró, Executivo de Marketing do Banco do Brasil)

A empresa também oferece a todos os consumidores acesso ao Fundo BB Ações Games, um fundo pioneiro que permite usar os aplicativos BB e Investimentos BB, além do Internet Banking, para investir no mercado. Com um valor inicial de apenas R$ 0,10, pessoas físicas e jurídicas podem contribuir para o desenvolvimento da indústria nacional.

“Ao disponibilizar um fundo que investe em empresas que fazem parte do dia a dia do público gamer, despertamos o interesse para o ato de investir e pensar no planejamento financeiro, além de contar com um alto engajamento característico desse público. Já para os investidores mais experientes, o BB Ações Games busca aproveitar as oportunidades de crescimento desse segmento ao mesmo tempo em que oferece mais uma opção de diversificação em renda variável no Brasil e no exterior.” (Guilherme Rossi, Head de Captação e Investimentos do Banco do Brasil)


É preciso conhecer e conversar com o público

Marcas com propostas inovadoras e produtos considerados digitais e ágeis — um reflexo do próprio público — apareceram com destaque na PBG 2024. Entre os nomes que se destacaram estão o Nubank e a Mastercard, provando que há como se inserir em um segmento que movimenta muito dinheiro escapando da imagem “sisuda” que pode ser associada a instituições bancárias mais tradicionais.

Divulgação: Banco do Brasil

No entanto, o estudo Gen Z Segmentation, da EY, liga o alerta: não basta oferecer produtos atraentes para conquistar a geração mais nova, é também preciso compartilhar seus valores. Antenados com questões como justiça social, sustentabilidade, mudança climática e desigualdade social, consumidores estão mais exigentes com as instituições que apoiam.

Assim, é preciso que empresas, especialmente as mais tradicionais, consigam conversar com o público — e mostrar que possuem soluções sólidas para problemas considerados sérios e urgentes para permanecer relevantes. Caso contrário, as fintechs, que já entenderam esse novo contexto, vão continuar ocupando dominando o relacionamento com os gamers, especialmente os da nova geração.


Fontes

  • Forbes
https://forbes.com.br/forbes-games/2023/12/o-que-fez-o-brasil-crescer-mais-que-eua-japao-e-coreia-nos-games-em-2023/: Do financiamento ao entretenimento: bancos investem no público gamer jovem
  • Epic Games
https://store.epicgames.com/pt-BR/features/epic-rewards: Do financiamento ao entretenimento: bancos investem no público gamer jovem
  • Arkade
https://www.arkade.com.br/afinal-consorcio-gamer-do-banco-do-brasil-e-uma-boa/: Do financiamento ao entretenimento: bancos investem no público gamer jovem
  • Banco do Brasil
https://tmjnessegame.com.br/home-criameucria/: Do financiamento ao entretenimento: bancos investem no público gamer jovem https://www.bb.com.br/pbb/pagina-inicial/imprensa/n/63231/#/: Do financiamento ao entretenimento: bancos investem no público gamer jovem
  • PlayStation
https://www.playstation.com/pt-br/ps5/buy-now/: Do financiamento ao entretenimento: bancos investem no público gamer jovem
  • Go Gamers
https://gogamers.gg/o-gamer-no-brasil/pgb-2024-marcas-games/: Do financiamento ao entretenimento: bancos investem no público gamer jovem
  • Olist
https://olist.com/blog/pt/como-vender-mais/inteligencia-competitiva/mercado-de-games-no-brasil/: Do financiamento ao entretenimento: bancos investem no público gamer jovem
  • UOL Start
https://www.uol.com.br/start/ultimas-noticias/2021/09/06/de-cartao-a-investimentos-o-que-os-bancos-estao-fazendo-para-atrair-gamers.htm: Do financiamento ao entretenimento: bancos investem no público gamer jovem
  • EY
https://www.ey.com/pt_br/agencia-ey/artigos/geracaoz-deseja-bancos-compartilhem-valores: Do financiamento ao entretenimento: bancos investem no público gamer jovem

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